segunda-feira, 10 de setembro de 2012

31% das transnacionais do País são de serviços


São Paulo
Na perspectiva de crescerem fora do território brasileiro, as empresas nacionais voltadas à área de serviços começam a investir mais em novos mercados: e a expansão será reforçada na América Latina. Conforme uma pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral (FDC), 31% das empresas mais internacionalizadas do Brasil atuam em logística, aviação, tecnologia e construção civil. A previsão é que tais setores cresçam ainda mais nos próximos anos.

“Há muito negócio na América Latina e as empresas já perceberam vantagens como proximidade física, comercial e cultural com os nossos vizinhos. Não podemos ser eurocêntricos e pensar que um modelo de internacionalização, para ter sucesso, precisa se expandir para a Europa”, afirmou Jorge Américo Santos consultor de Negócios Internacionais e doutorando em Relações Internacionais da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM).


E a pesquisa da Fundação Dom Cabral endossa este parecer. “Há uma forte tendência das multinacionais brasileiras iniciarem seus processos de expansão através da América Latina”, argumentou Livia Barakat, professora do Núcleo de Negócios Internacionais da Dom Cabral, lembrando que das 50 empresas mais internacionalizadas do País 15 são voltada para área de serviços.

Segundo o ranking das Transnacionais Brasileiras, organizado pela FDC, 63% das empresas participantes do estudo tiveram sua primeira subsidiária internacional instalada em países da região.

Para João Silverio Costa, professor de economia internacional da Universidade São Paulo (USP) e coordenador do programa de relações internacionais da Universidade Paulista (Unip), o crescimento no setor de serviços deverá se manter nos próximos anos. “A ação aumenta em escala maior na área de serviços por dois motivos básicos: força da marca Brasil e custo mais baixo para ativos no exterior no segmento”, diz.

Entre os destaques do acadêmico estão as áreas de tecnologia, logística, e franquias de serviços. “Na era da tecnologia o Brasil, tradicionalmente conhecido por exportar negócios voltados para indústria pesada, começa a mudar de plano estratégico”, diz Costa.

Da mesma opinião partilha Livia. “O Brasil, que historicamente é competitivo em commodities começa a se fortalecer em serviços. Um exemplo é a Stefanini IT Solutions, que, em 2010 estava em 17º lugar no ranking das Transnacionais e em 2012 aparece em 3º lugar, como resultado de diversas aquisições. Uma delas, da empresa Tech Team nos EUA que possibilitou acesso a 10 novos mercados a partir de bases em que a empresa adquirida já operava. Outro destaque do setor de serviços é o Ibope, que atua nas áreas de mídia e pesquisa de opinião, com unidades em 14 países. O Ibope foi a 6ª empresa mais internacionalizada no Ranking e a 2ª colocada dentre as transnacionais que possuem faturamento de até R$ 1 bilhão”, completa.

Outro ponto forte na área de serviços, para Livia, são as franquias. “Grande parte das franquias participantes do ranking de Internacionalização de Franquias são do setor de serviços [aluguel de veículos, escola de idiomas, estética] e percebe-se que a cada ano mais franquias brasileiras estabelecem acordos no exterior. A maior parte delas já planeja novas unidades”, diz.

Em alta

Exemplo de internacionalização a Movile, de serviços móveis e entretenimento, abriu recentemente um escritório nos Estados Unidos. Agora a companhia está Vale do Silício, na Califórnia, ao lado de outras empresas do setor tecnológico. A abertura do escritório é uma estratégia da empresa, que visa se antecipar às tendências e novidades tecnológicas que chegarão à América Latina. “O público tem crescido e aumentado o seu gasto em celular de forma ascendente nos últimos anos, mas não tem muitas opções de conteúdo latino nos EUA. Alguns empreendedores brasileiros já conquistaram o sucesso por lá, como Facebook, Instagram e Google”, diz Fabrício Bloisi, CEO da Movile. Já estabilizada no mercado brasileiro de serviços de entretenimento para celular, a aposta da companhia agora são as plataformas e ferramentas para a Internet móvel por meio de aparelhos do tipo smartphones.

Na divisão por setores, as transnacionais de tecnologia da informação vêm ganhando espaço gradual. De acordo com uma pesquisa da Fundação Dom Cabral, além da Stefanini, nomes como Ci&T, BRQ IT Services, e Totvs figuram entre as 50 maiores brasileiras fora do País.

E a Ci&T também planeja expansão em mercados como o chinês e o argentino, onde a empresa já atua. Já a construção civil conta com nomes como Odebrecht, Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Alusa e Seculus.

Entre aviação logística destacam-se nomes como a Gol, TAM, América Latina Logística e Tegma Além de nomes como a Oi, Ibope que também ganham o mercado.

A pesquisa aponta que, nos últimos três anos, as margens de lucro das transnacionais brasileiras foram maiores no mercado doméstico que no exterior, entretanto, essa margem diminuiu em 2011. “As empresas brasileiras têm visto diversos benefícios com a internacionalização, mesmo considerando as turbulências econômicas. Os principais benefícios percebidos são o aumento do valor da marca pela presença internacional e a capacidade ampliada de atendimento a clientes globais”, finalizou Livia.

“Os números reforçam a opção, e estão se mostrando interessantes. Inclusive por que no mercado da América Latina o crescimento tem sido bem mais robusto que o do Brasil.” Eduardo Faddul

Por: Panorama Brasil


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