quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Raízes industriais mantêm empresas apesar da moeda forte



O aumento do custo das exportações suíças e a abertura de novos mercados emergentes vem fazendo com que algumas empresas do país desloquem a produção para outros países.
Mas o medo de que a Suíça seja despojada de sua base industrial pelo franco forte foi subestimado pelos empresários e sindicatos apesar das milhares de demissões e da deslocalização da produção para o exterior.


A recente onda de deslocalizações da produção para países de mão de obra mais barata gerou grandes debates na mídia e nos círculos políticos da Suíça, apesar do banco central do país ter estabelecido um piso para a taxa de câmbio do franco suíço com o euro.


Em junho, os proprietários alemães da empresa de biotecnologia Serono confirmaram seus planos de fechar uma sede em Genebra que vai provocar a perda de 500 postos de trabalho e a realocação de 750 outros para fora da Suíça.


A empresa especializada na produção de fibra óptica Reichle & De-Massari abriu uma nova fábrica na Bulgária, em abril, com o objetivo de transferir para lá parte da produção da Suíça, com a perda de cerca de 50 empregos suíços.


Terceirização de pequenas empresas


A terceirização da produção – ou a transferência da produção para fábricas no exterior – tem proporcionado uma optimização de custos para algumas pequenas e médias empresas (PME) que empregam dois terços de todos os trabalhadores da Suíça. Mas ainda falta o incentivo financeiro necessário para a construção de suas próprias fábricas.
A empresa de consultoria Mattig Management Partners observou que o interesse pela terceirização por parte das PMEs triplicou nos últimos anos com a valorização do franco comprometendo suas margens de lucro, mas a falta de trabalhadores locais qualificados mantém os custos trabalhistas relativamente altos.


“As PMEs tendem a se surpreender que os parceiros potenciais rejeitem pedidos de terceirização já que o volume é muito pequeno ou porque o custo local é maior do que o previsto”, diz o diretor da Mattig, Andreas Mattig, à swissinfo.ch.


Três anos atrás, o grupo industrial Georg Fischer anunciava planos de redução na produção da sua unidade GF AgieCharmilles para concentrar a fabricação de máquinas e ferramentas na China.
A empresa agora facrica 80% de seus produtos no exterior, mas o diretor executivo Yves Serra disse que sua base suíça continua sendo um elemento chave para o sucesso.


“Nós fabricamos no exterior porque os clientes querem que a gente esteja perto deles, mas nós fabricamos produtos na Suíça que exigem um alto grau de qualidade e onde é possível automatizar a produção”, disse Serra a swissinfo.ch.


“Queremos manter a nossa imagem como fabricante de produtos de qualidade e uma grande parte dessa reputação deriva de nossa presença na Suíça.”


Empregos em jogo
As estatísticas parecem confirmar o argumento de que a base industrial da Suíça esteja desaparecendo. A fabricação de bens de alto valor agregado passou de 40% em 1960 para 20% hoje, enquanto que a percentagem de postos de trabalho caiu de 50% para 22%. Esta tendência de longo prazo está em grande parte em linha com muitas outras economias avançadas. Mas o economista suíço Beat Kappeler argumenta que, com exceção da indústria têxtil, a Suíça evitou o destino da Grã-Bretanha e dos Estados Unidos, que perderam vastas áreas de produção.


"Entender como a Suíça esta sendo capaz de sobreviver a este terremoto econômico é sempre alentador para os brasileiros." Eduardo Faddul


Continue lendo: Raízes industriais mantêm empresas apesar da moeda forte

Nenhum comentário:

Postar um comentário